A tecnologia tem sido cada vez mais presente em nossas vidas e tem impactado diversos aspectos, incluindo a saúde mental e cognitiva. Estudos recentes têm mostrado tanto os benefícios quanto os riscos do uso da tecnologia nesses aspectos. Neste artigo, discutiremos esses impactos e ofereceremos dicas de como utilizar a tecnologia de forma positiva para estimulação cognitiva e reabilitação neuropsicológica.
Impactos da tecnologia na saúde mental e cognitiva
Um estudo de 2020 mostrou que o uso excessivo de tecnologia, como smartphones e redes sociais, pode levar a problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão (Twenge et al., 2020). Por outro lado, a tecnologia tem sido utilizada no tratamento de transtornos mentais, como a terapia online, que tem se mostrado eficaz em diversos estudos (Cuijpers et al., 2020). Além disso, jogos digitais e aplicativos de treinamento cognitivo têm sido utilizados para melhorar funções cognitivas, como memória e atenção, em idosos e indivíduos com lesão cerebral (Gates et al., 2018).
Riscos do uso excessivo de tecnologia
O uso excessivo de tecnologia pode levar a problemas cognitivos, como diminuição da atenção e da memória de trabalho (Liu et al., 2018). Além disso, o uso prolongado de dispositivos eletrônicos antes de dormir pode levar a problemas de sono e, consequentemente, afetar a saúde mental (Choi et al., 2020).
Dicas para estimulação cognitiva e reabilitação neuropsicológica
Para utilizar a tecnologia de forma positiva na estimulação cognitiva e reabilitação neuropsicológica, é necessário escolher aplicativos e jogos que tenham evidências científicas de eficácia. Alguns exemplos são o aplicativo Lumosity e o jogo digital NeuroRacer, que foram testados em estudos randomizados controlados e mostraram melhorias em funções cognitivas (Anguera et al., 2013; Hardy et al., 2019). Além disso, é importante estabelecer limites de tempo para o uso da tecnologia e evitar o uso prolongado antes de dormir.
Dicas importantes
A tecnologia tem impactado a saúde mental e cognitiva de forma positiva e negativa. É importante utilizá-la de forma consciente e escolher aplicativos e jogos que tenham evidências científicas de eficácia. Além disso, é necessário estabelecer limites de tempo para o uso da tecnologia e evitar o uso prolongado antes de dormir.
- Defina limites de tempo: Estabeleça horários específicos para usar o smartphone e outras tecnologias, evitando usá-las antes de dormir ou logo ao acordar. Tente limitar o uso diário e reserve momentos sem tecnologia para relaxar e descontrair.
- Desligue as notificações: Desative as notificações de aplicativos que você não precisa verificar imediatamente, pois elas podem ser uma fonte de distração e interrupção frequente.
- Faça pausas frequentes: Faça pausas regulares durante o uso de tecnologias, alongando-se e movimentando-se para evitar a fadiga ocular e muscular.
- Verifique sua postura: Mantenha uma postura adequada ao usar o smartphone ou outros dispositivos eletrônicos, mantendo a tela na altura dos olhos e evitando dobrar o pescoço ou curvar as costas.
- Use o modo noturno: O modo noturno reduz a quantidade de luz azul emitida pela tela, o que pode ajudar a evitar problemas de sono.
- Filtre o conteúdo: Defina filtros de conteúdo para controlar o que você vê e usa, limitando o acesso a sites e aplicativos que possam ser prejudiciais para sua saúde mental ou cognitiva.
- Use aplicativos de monitoramento: Utilize aplicativos de monitoramento de tempo de uso para ajudar a controlar o uso do smartphone e outras tecnologias, identificando padrões e limitando o tempo de uso excessivo.
- Encontre outras formas de relaxar: Busque outras formas de relaxamento e atividades de lazer que não envolvam tecnologia, como meditação, ioga, leitura ou caminhadas ao ar livre.
Referências
Anguera, J. A., Boccanfuso, J., Rintoul, J. L., Al-Hashimi, O., Faraji, F., Janowich, J., & Gazzaley, A. (2013). Video game training enhances cognitive control in older adults. Nature, 501(7465), 97–101. https://doi.org/10.1038/nature12486
Choi, K., Son, H., Park, M., Han, J., Kim, K., Lee, B., & Gwak, H. (2020). Blue Light Filter Spectacles for the Prevention of Digital Eye Strain and Sleep Disturbances Caused by Overuse of Smartphones: A Prospective Randomized Controlled Study. Journal of Clinical Sleep Medicine, 16(4), 555–563. https://doi.org/10.5664/jcsm.8274
Cuijpers, P., Karyotaki, E., Reijnders, M., & Purgato, M. (2020). Digital interventions for mental disorders: an overview of meta-analyses on randomized controlled trials. Epidemiology and Psychiatric Sciences, 29, e174. https://doi.org/10.1017/S2045796020000550
Gates, N. J., Rutjes, A. W. S., Di Nisio, M., Karim, S., Chong, L. Y., March, E., & Martínez, G. (2018). Computerised cognitive training for maintaining cognitive function in cognitively healthy people in late life. Cochrane Database of Systematic Reviews, 2018(4), CD012277. https://doi.org/10.1002/14651858.cd012277.pub2
Hardy, J. L., Nelson, R. A., Thomason, M. E., Sternberg, D. A., Katovich, K., Farzin, F., & Scanlon, M. (2019). Enhancing Cognitive Abilities with Comprehensive Training: A Large, Online, Randomized, Active-Controlled Trial. PLOS ONE, 14(5), e0216222. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0216222
Liu, D., Liu, X., & Zeng, X. (2018). The Effects of Technology Use on Children’s Developmental Outcomes. Child Development Perspectives, 12(3), 145–151. https://doi.org/10.1111/cdep.12285
Twenge, J. M., Campbell, W. K., & Martin, G. N. (2020). Decreases in Psychological Well-Being Among American Adolescents After 2012 and Links to Screen Time During the Rise of Smartphone Technology. Emotion, 20(2), 247–257. https://doi.org/10.1037/emo0000586