A doença de Parkinson (DP) é uma condição neurológica complexa, caracterizada não apenas por sintomas motores, mas também por uma variedade de déficits cognitivos. Compreender e identificar esses déficits é crucial para um diagnóstico preciso e um manejo personalizado da doença. Neste post, exploraremos a avaliação neurocognitiva na DP, destacando a importância de critérios diagnósticos específicos e instrumentos de avaliação recomendados.

 

A Complexidade dos Déficits Cognitivos na DP

Os déficits cognitivos na DP revelam uma considerável heterogeneidade, sugerindo a existência de diferentes trajetórias de comprometimento. A "Síndrome Dual" propõe a categorização desses déficits em dois domínios principais:
1. Frontal-estriatal: abrangendo funções como atenção, memória operacional e funções executivas.
2. Cortical posterior: incluindo memória de reconhecimento e habilidades visuoespaciais.
Essa divisão ressalta a necessidade de testes neuropsicológicos específicos para identificar os tipos de comprometimento cognitivo na DP.

 

O Conceito de Comprometimento Cognitivo Leve (CCL)

O CCL representa um estágio intermédio de declínio cognitivo entre o envelhecimento normal e a demência. Inicialmente focado no prejuízo da memória, o conceito de CCL foi ampliado para incluir uma variedade mais ampla de domínios cognitivos. No contexto da DP, critérios diagnósticos específicos foram desenvolvidos para a identificação do Comprometimento Cognitivo Leve associado à DP (DP-CCL).

 

Avaliação Neuropsicológica na DP

A Sociedade Internacional de Parkinson e Transtornos do Movimento (MDS) recomenda uma série de instrumentos e baterias neuropsicológicas para a caracterização dos déficits cognitivos na DP. Estes testes abrangem diversos domínios, como atenção e memória operacional, funções executivas, linguagem, memória e funções visuoespaciais. Uma avaliação abrangente permite um diagnóstico mais preciso e contribui para um tratamento personalizado.

 

Critérios Diagnósticos para o CCL e DP-CCL

Os critérios para diagnosticar o CCL evoluíram ao longo dos anos, refletindo um entendimento mais profundo da complexidade da condição. Enquanto os critérios iniciais de Petersen se concentravam principalmente no comprometimento da memória, o Grupo de Trabalho Internacional sobre CCL expandiu os critérios para abranger outros domínios cognitivos. O DSM-5 categoriza o CCL sob o termo "Transtorno Neurocognitivo Leve", destacando a importância do julgamento clínico e avaliações neuropsicológicas padronizadas.

Especificamente para a DP, a MDS estabeleceu critérios para o diagnóstico de DP-CCL, incluindo a presença de déficits cognitivos graduais, baixo desempenho em testes neuropsicológicos e a exclusão de outras causas para o declínio cognitivo.

 

Conclusão

A avaliação neurocognitiva desempenha um papel fundamental no diagnóstico e manejo da doença de Parkinson. Compreender a complexidade dos déficits cognitivos, utilizar critérios diagnósticos específicos e aplicar instrumentos neuropsicológicos recomendados são passos essenciais para uma abordagem personalizada e eficaz. Ao aprofundar nosso entendimento sobre a avaliação neurocognitiva na DP, podemos melhorar a qualidade de vida dos pacientes e oferecer intervenções mais direcionadas.


Fonte: https://www.getmov.org/post/avalia%C3%A7%C3%A3o-neurocognitiva-na-doen%C3%A7a-de-parkinson

14 de março de 2024 — DANILO PEREIRA